Acabei de receber um texto lindo de uma amiga que já trabalhou comigo. Ela está acompanhando a série da Globo, Queridos Amigos, e ficou sensibilizada com aquela amizade de anos, a cumplicidade e a idéia de família. Eu só assisti um capítulo dessa estória, então não estou aqui pra falar do programa. Mas o texto dela me fez ver que também sinto falta dos amigos, mas fiquei feliz por saber que quando eu preciso e os chamo, eles me socorrem e me fazem lembrar como sou especial. Mesmo que tenham que driblar suas agendas lotadas, suas preocupações, seu cansaço, seu mal humor. Quando realmente precisamos, os amigos de verdade aparecem. É bom ter contato com esses amigos “do lado de fora”. Tenho os amigos “do lado de cá”, que são o marido, minha mãe e até meu pai, que mesmo com sua vida agitada, está sempre disposto a largar tudo e me dar uma mão. Esses são os amigos que sei que fariam tudo por mim. São os que já me bastam, sabe? Mas isso não quer dizer que os de fora da minha “bolha” sejam menos importantes, queridos e que eu não pense neles.
Ultimamente, passei por muitas mudanças. Alguns dizem que estou mais caseira do que já era, mais preguiçosa do que já era, mais calada do que já era, até mais egoísta, no sentido nem tão “triste” do egoísmo (e sei que poucos vão entender que também há o egoísmo bom…hehe). Essas mudanças criaram uma certa distância entre alguns amigos. Culpa da minha falta de pique e necessidade de auto-preservação, sabe? Posso ter magoado alguns amigos por ter me afastado, mas queria taaanto que eles soubessem que ainda são importantes pra mim. E é isso que tento fazer. Vejo algum texto bonito e me lembro deles, então entro logo em contato. Eles me chamam pra sair, mas o cansaço é grande? Então, os convido para um encontrinho na minha casa. Será que, com esses gestos, os amigos percebem que ainda os amo? Acho que os amigos de verdade sabem disso.
Pra finalizar, deixo um texto que tem muita relação com o que esses meus pensamentos. Achei no blog de uma jornalista, casada, que tem um filho de 4 anos e está esperando o segundo. Esse texto estava nos arquivos dela. Ela escreveu quando ainda estava grávida do primeiro filho.
Alguém aí já deixou pra amanhã aquela vontade louca de fazer xixi? Ou, quem sabe, fez jejum por opção, deixando um bife suculento no prato hoje por uma promessa de uma refeição mais “gorda” no amanhã?? Melhor ainda: já conseguiu ficar com a boca seca, rachando, e colocar o copo d´água de lado até o amanhã chegar??? Se vocês me disserem que fizeram dessas aí de cima, vou começar a achar que precisam urgentemente do telefone da minha terapeuta… Sei que, de perto, ninguém é normal, mas sei também que há um tanto de normalidade que faz parte da vida de todo mundo. Se não dá pra deixar pra depois comer, beber, fazer as devidas necessidades fisiológicas funcionarem a contento, que alguém me explique por quê é que algumas pessoas acham que dá pra deixar pra amanhã aquele abraço, aquele beijo, aquele carinho, aquela palavra??????????????? Emoção também tem hora certa pra ter vazão, acreditem. Se é no agora que eu sinto saudade, é no agora que vou querer dar aquele telefonema, mandar aquele email, ver aquela pessoa especial…Da mesma forma, se é hoje que eu preciso de alguma atenção, é hoje que preciso de um sinal positivo do lado de lá. Não é amanhã. Não é durante a semana que vem. Não é “depois”. Não é no tempo que sobrou, no tempo que não foi preenchido, no tempo que parece “menos”. Eu quero o tempo que tem valor, aquele tempo que a gente reserva só e unicamente pra estar com alguém na hora em que tem vontade — ou na hora em que esse alguém verbaliza alguma fragilidade, alguma alegria, alguma necessidade qualquer de compartilhar. Essa coisa do depois do shopping, depois do cinema, depois do trabalho, enfim, depois dos outros, sejam eles pessoas ou compromissos, não é legal. Não prioriza. Não gera empatia (lembram desse conceito?). E isso não é birra minha, não. Não é querer ser o centro do mundo, não. É porque eu penso que os relacionamentos (homemXmulher, paisXfilhos, amigosXamigos, etc) fluem melhor quando a tal lei da Ação e Reação funciona de maneira equilibrada. Claro que ninguém aqui vai dar amor esperando receber de volta do mesmo jeito, na mesma intensidade, na hora em que bate o pé. Até porque cada um é cada um e cada um tem sua maneira particular de expressar sentimentos. Mas, peraí, Madre Tereza de Calcutá, doadora universal, só tem uma e, na real, nem é disso que eu tou falando… Tou falando da atenção que todos deveríamos prestar àquelas necessidades verbalizadas. Se alguém chega junto e pede um tempinho do seu dia, doe os cinco minutos na hora. Faça das tripas coração pra estar presente, fisicamente ou não, no momento em que o pedido chega aos seus ouvidos. Não deixe pra depois, não…Sabe por quê? Porque esse tempo futuro aí não existe. Nele, a gente, de um jeito ou de outro, acaba se resolvendo sozinho…O que não é ruim por si só, porque, já dizia o ditado, o que não nos mata, nos fortalece, mas vai construindo um caminho ao contrário. Em vez de uma ponte para o sempre, vira uma ponte para o talvez, depois, quem sabe, algum dia…